CAÇAPAVA e regiãoFEB

A história da Batalha de Fornovo di Taro!!!

DSCN1052#Visando o registro virtual dos fatos que se sucederam durante a batalha de Fornovo di Taro e a consequente rendição da 148ª Divisão alemã, fato que gerou milhares de prisioneiros de guerra e a captura de grande quantidade de material militar (armamentos, viaturas, carros de combate, animais de transporte de carga, etc.), o Grupo Monte Castelo de Reencenações Históricas desenvolveu uma peça teatral, que todos os anos é apresentada por ocasião das solenidades militares que comemoram o feito dos pracinhas brasileiros.

A encenação, produzida pelo Grupo Monte Castelo, sob a responsabilidade dos srs. Paulo Kasseb e Mauro Orui, desce à níveis de detalhes, visando transformar a peça, em reprodução fiel dos fatos ocorridos na ocasião e que são descritos pelos historiadores, criando momentos de emoção pura aos pracinhas da FEB, e até mesmo de seus familiares ali presentes. Utilizaram uniformes, veículos, armamentos e até mesmo equipamentos de rádio da época, além de, a cada apresentação, aprimorarem ainda mais, esta sagrada missão de preservar e cultuar a memória dos feitos de nossos pracinhas durante a Segunda Guerra Mundial, o que contagiou, como sempre, a grande platéia civil e militar que se encontrava presente no Estádio Militar do 6º BIL amv.

A representação do último ataque e o consequente cerco da 148ª Divisão alemã, foi feita por soldados do 6º BIL amv que em meio a tiros e explosão de granadas e bombas, cercaram e dominaram o objetivo, com grande emoção da plateia, que assustava-se a cada explosão, com o calor das bombas refletindo-se em seus rostos!

Pela brilhante tarefa desenvolvida pelo Grupo Monte Castelo, de transmitir de maneira clara e objetiva, os principais pontos da rendição alemã em Fornovo di Taro, prestamos nossas homenagens a todos que se envolveram diretamente na representação.

Os fatos que antecederam a rendição alemã em Fornovo di Taro

Enquanto ao nordeste e ao noroeste de Fornovo contingentes do 1º RI e do 11º RI bloqueavam as possíveis saídas do inimigo, o 6º RI do coronel Nelson de Mello preparava ataque a Fornovo di Taro com ajuda de duas baterias de artilharia, do Esquadrão de Reconhecimento, de uma companhia de engenharia e de uma companhia norte-americana de tanques.

ren 1Na manhã de 28 de abril Zenóbio telefonou a Mascarenhas, que se achava em Montecchio, propondo que mais um batalhão fosse lançado à luta, para ajudar o 6º RI. Mascarenhas, apoiando-se na avaliação que Castelo fez da situação, declarou que esse batalhão adicional não seria necessário. Por isso, o movimento de cerco e ataque foi efetuado por três batalhões, como anteriormente fora planejado.

A principal ofensiva foi desencadeada pelo major Gross, que avançou da região de Collecchio, pelo sul. Quando se encontrava a 6 km de Fornovo, encontrou séria oposição, resistindo a violentos contra-ataques, às 9 horas da noite do dia 28, e a 1 hora da madrugada do dia 29.

Enquanto isso, a curta distância de Fornovo, o 3º Batalhão do major Silvino, e o Esquadrão de Reconhecimento do capitão Pitaluga atacavam pelo sudoeste. Escreve Wondolowski: “Os brasileiros, muito decididos, estavam esmagando todas as tentativas alemãs de romper o cerco.” Pode-se acrescentar que os brasileiros ainda dispuseram de tropas para mandar a Piacenza e a um bolsão ao Norte de Cremona e, assim, não precisaram de toda a sua força para a missão de bloquear a Rodovia 62.

Vigário Negocia Rendição Alemã

Na tarde de 27 de abril, um dia antes da ofensiva contra Fornovo, o major Cordeiro Oeste persuadiu o vigário Dom Cavalli, de uma aldeia a levar aos alemães a sugestão de que se rendessem. O vigário caminhou 6 km até Respício, perto de Fornovo, e aí falou com oficiais alemães. Perguntado sobre o poderio e a localização das forças brasileiras, o vigário disse que os alemães estavam cercados e deviam se render.

Um dos mais velhos desses oficiais, que aprimorara o seu italiano durante um período em que servira como Embaixador da Alemanha em Roma, pediu ao vigário que obtivesse por escrito condições para a rendição e voltasse com elas.

Como resultado disso, na manhã do dia 28, muito cedo, antes de ser desfechado o ataque do 6º RI, Nelson de Mello, redigiu um ultimato de rendição incondicional e, através de Castelo Branco, pediu a aprovação de Mascarenhas aos seus termos.

O vigário levou esse ultimato aos alemães e voltou com uma mensagem, assinada pelo major Kuhn, chefe do Estado-Maior da 148ª Divisão, dizendo que a resposta seria dada depois de consulta a seus superiores.

A Rendição

ren 2Enquanto os alemães adiavam a decisão, o 6º RI procedeu de acordo com o plano. Então, às 10h30 da noite, depois que os homens de Gross repeliram forte contra-ataque inimigo, o major Kuhn e dois outros oficiais alemães cruzaram as linhas brasileiras para negociar os pormenores da rendição. Gross os conduziu ao posto de comando do 6º RI, em Collecchio.

Nelson de Melo, sabedor de que a missão dos três alemães fora autorizada pelo comandante da 148ª Divisão, general Otto Fretter-Pico, dirigiu-se rapidamente a Montecchio para falar com Mascarenhas. Este ordenou a Brayner e Castelo que se entendessem com os negociadores alemães. Por isso, sob a chuva, os dois oficiais foram levados a Colecchio.

Castelo Branco descreve: “numa sala de uma vivenda de campo, fui apresentado a três oficiais alemães do Estado-Maior de uma Divisão. Pediram condições para a rendição. Dissemos que só podia ser incondicional. Falaram em honra militar e em princípios de humanidade… e aceitaram a rendição!

“São alguns milhares de homens, dois generais e etc. Como resultados dos termos impostos na reunião de Collecchio, que durou toda a noite, que foram modificados apenas pela insistência de Mascarenhas de que depusessem imediatamente as armas (a 29 de abril e não a 30), a primeira Divisão germânica a capitular na Itália se rendeu aos brasileiros.

rend 3“Nada menos de 14.779 alemães e italianos se tornaram prisioneiros em dois campos próximos, instalados pelos brasileiros. O general alemão Otto Fretter-Pico e o general italiano Mario Carloni foram escoltados até Florença pelo general Falconiere e general Zenóbio, que os entregaram ao 5º Exército norte-americano, juntamente com 6 milhões de liras também tomados pelos brasileiros.”

Numa luta, nos arredores de Fornovo, cinco brasileiros foram mortos e cerca de 50 foram feridos. O que tinha sido conseguido era notável em operações de guerra: a rendição de uma Divisão alemã a uma única Divisão aliada, a brasileira.