GERAL

Comandante Niltinho: A gratidão !!!

Hoje voltei para casa muito triste, pois fui visitar um velho amigo garimpeiro e vi lágrimas em seus olhos! Começo a pensar o que será dessas pessoas que passaram a vida inteira embrenhadas pelas matas garimpando em busca de ouro, e não aprenderam a fazer mais nada!

E quando encontravam o ouro, só serviam para a sobrevivência e acabavam contribuindo para que muita gente se beneficiasse também! E como era suado o seu trabalho!

Eu e muitos outros pilotos, só sobrevivemos graças a estes garimpeiros e não fomos somente nós: toda a sociedade local, desde as prostitutas até os padres e pastores foram beneficiados e hoje lamento vê-los chorar, sem nenhuma chance de sobreviverem sozinhos!

Precisam de ajuda e acho que esta, deveria partir de todos aqueles que querem a preservação de seu habitat. Eu nunca vi ninguém preocupado com o povo que já morava por aqui, só vejo cobrança e nada mais! Sabem o porquê de minha preocupação? Porque eles não estão preparados para esta drástica mudança de vida, e aí culpo o governo, que lamentavelmente abandonou a todos, só pensando em atender os apelos do mundo.

Por que nós brasileiros temos que pagar a conta do desmatamento sozinhos? O mundo inteiro foi responsável pela maior parte das besteiras em relação à Amazônia e agora nos exigem, a responsabilidade de salvar o planeta. Esperem aí, a coisa não deve ser assim não, afinal estamos herdando uma fatura que não fizemos sozinhos, esta conta é muita alta para que possamos pagá-la sem ajuda de ninguém!

Se a ajuda está vindo? Pelo menos por aqui ela ainda não chegou, e acredito que se vier, vai acabar atolada lá pelos caminhos do governo!

Nesta história não vou citar nomes, porque seria muito humilhante ver aquelas pessoas que foram tão importantes e ricas, e que hoje passam por necessidades até das coisas básicas, serem humilhadas pela necessidade do dinheiro! Isto é muito constrangedor para mim e para eles também, afinal, o seu ouro se foi, porém o orgulho e a vergonha ainda não, ainda estão lá, no fundo da sua alma!

Esta historia é como a gratidão de um piloto, pelo seu amigo e parceiro garimpeiro, tocou-me profundamente, no fundo do coração, obrigando-me a contá-la, para que vocês possam testemunhar a existência de sentimentos neste meio, muitas vezes confundido com um mundo violento e cheio de ganância.

Estava subindo a Avenida Goiás para ir para casa, quando deu-me uma vontade tremenda de rever um amigo garimpeiro, para mim o maior deles, e acabei virando à esquerda, entrando em uma rua bastante destruída, pensando: “Meu Deus, como estes prefeitos judiam da gente, tratando tão mal as cidades do Pará! Na verdade é uma vergonha, pois logo agora que os “gringos” estão chegando aos montes, por causa da Vale (uma das maiores mineradoras do mundo, que esta sendo instalada na cidade de Ourilândia do Norte,PA, explorando ferro níquel), somos obrigado a passar mais esta vergonha!

Isto sem falar da violência que descambou completamente, prejudicando ainda mais os cidadãos de bem, que nem um canivete tem para se defender, pois o plano de desarmamento do governo levou tudo, para mais tarde cair nas mãos dos bandidos, sem dúvida nenhuma!

Evitei a rua esburacada e fui fazendo um caracol, até chegar à casa de meu amigo! Parei a camionete, fui abrir o portão e estava trancado, certamente por medo dos assaltantes. Dei um grito e lá veio ele saindo da cozinha, meio assustado, querendo saber quem estaria fazendo aquela “zuada”!

“ – Sou eu, cara! Já que você não vai à minha casa, tenho que vir na sua!”

Aí ele reconheceu-me, parecia que até as suas vistas ele havia perdido!

“ – É você Niltinho?” Falou no meio de uma risada tão contagiante que só ele tinha! Senti que minha visita veio fazer bem àquele que, tempos atrás, recebia tanta gente e agora eram uns gatos pingados, que apareciam de vez em quando!

“ – Chega para cá, estou acabando de comer um frango caipira! Dê uma olhada aqui, não vai encarar?”

Comer na casa daquele homem foi a coisa que mais fiz, quando estávamos garimpando por este mundão afora, e eu sabia que uma das coisas que mais ele dava valor, era a comida!

Nunca me esqueço que quando ele queria comer uma Corvina (peixe da Amazônia), era ele mesmo que ia à feira comprar, logo pela manhã, e ele cozinhava e sempre ficava uma delicia! Imagine se eu ia recusar aquela penosa feita por ele! Tratei de pegar um prato que estava logo ali, e ataquei as panelas!

Enquanto comia, lambendo os dedos pelo delicioso molho pardo, ele ia conversando:

“ – Como é que está a sua “Gurita” (nome que davam para aquele povoado que estava se formando ao lado da guarita da Andrade Gutierrez, para separar os ricos dos pobres)?

– Vai bem, o Veloso (prefeito), acaba de assinar um convenio com a Vale para fazer um hospital, reformar o colégio, terminar a avenida e balizar o aeroporto e parece que agora ele decola, só quero saber se o seu prefeito vai fazer o mesmo!

– Pois é meu amigo, até a agora só vejo os buracos aumentarem, e nada mais!

– Ah, vamos parar de falar de política, que não adianta nada mesmo, e vamos falar daquilo que nós gostamos de falar: de garimpo, o que você acha?

– Até isto já perdeu a graça Niltinho, andei dando umas voltas lá pelas bandas do rio Tapajós, e vi que somente lá é que o Ibama esta dando uma trégua para aqueles pobres infelizes! O resto é só no cacete!”

– É triste de se ver acabar um meio de sobrevivência como aquele que tínhamos! Até o CZC se foi e o pior é que não achávamos que ia terminar desta maneira, não tendo mais para onde correr! Como sempre digo, agora é a hora do Jacaré comer a gente!

Vendo que meu companheiro estava disposto a falar, fui dando corda, pois sempre gostava de ficar ouvindo aquelas histórias do tempo que ele ainda não garimpava, era apenas caçador de onça, coureiro (como chamavam os caçadores de gato, ariranha e onça, cujas peles eram as mais procuradas e exportadas por um preço altíssimo para todo o mundo, onde tornava as mulheres mais elegantes!

Usavam aquele casaco fabricado com o couro da onça pintada, que vinha da Amazônia ou mesmo uma bolsa feita do couro de ariranha, afinal quem alimentava aquela matança de bichos, eram os mesmos que agora não querem que derrubemos uma arvore, ou matemos um passarinho qualquer! Como o mundo dá voltas, não é?

“ – Meu amigo, diga-me como você conseguia matar uma onça? Se ela é tão perigosa, que todos tremem de medo só de olhar, eu mesmo já corri da turrada de uma, imagine então ficar cara a cara! Conte-me como você fazia!”

Ele deu uma grande risada, e seus olhos brilhavam, parecia que aquele momento era aquele em que ele ficava frente a frente com a “bichona”, e não podia errar o tiro se não ele já era, tinha que botar aquela bala bem no meio da testa para que ela caísse logo ou se não, na paleta, para que atingisse o coração, por que senão meu amigo, o sufoco seria grande, afinal não tinha para onde correr, estava no chão frente a frente com ela!

Ele sempre andava com uma quarenta e quatro na mão (que sempre gostava de usar), e era aquela velha historia: ou ela me janta ou eu a almoço!

“ – Espera lá meu amigo, aonde você ia encontrar com ela? No meio daquela mata que não seria fácil, não é ?

– Ah meu amigo, como você é ignorante! Não era eu que ia atrás dela, ela que vinha encontrar comigo!

– Como assim?

– No pio, seu bobo, eu imitava o piado da onça, se era um macho, ele vinha pensado que era uma fêmea, se era fêmea ela vinha pensando que era um macho e assim eu enganava todas elas e você não imagina o quanto que eu deixava elas se aproximarem! Chegavam tão perto, que sentia seu cheiro forte! Naturalmente que eu estava bem escondido, acho que nem a sobrancelhas não mexia, não sei se era de medo ou de coragem! Aí então, pregava fogo! Tinha semana que matava umas duas, ai era só tirar o couro, e deixar o resto para as formigas, porque nem urubu tinha por lá!

– E você não tinha remorso? Matar um animal tão bonito como aquele? Afinal era uma pena matar apenas para tirar o couro, sem ao menos comer a carne, assim teria uma desculpa não acha? E quem dá conta de comer uma carne daquela? Tão fedida!

– Que nada Niltinho, estava apenas ganhando a vida e nada mais! Se os gringos que eram tão sabidos, porque que nos deixava fazer aquilo? Afinal eram eles que nos pagavam e éramos bem pagos!

– De fato, é a mesma historia da maconha, se tem alguém que compra, naturalmente tem aquele que vende, afinal eu não sei de quem é a culpa maior, se é o que compra ou aquele que vende!

– Deixe isto para lá Comandante, que não é você quem vai consertar o mundo mesmo!

– Tem razão, continue com as histórias. (Só que hoje não penso mais assim)!

– Cara, deixe eu te contar uma história de um amigo meu, cabra bom de onça, que só tinha uma espingarda, que foi ficando velha e eu sempre avisando para que ele trocasse por uma nova, porem não sei porque que o pobre não queria se apartar dela, talvez pelas marcas na coronha indicando quantas onças havia matado, ou então por falta de dinheiro mesmo, pois, se tinha coisa de valor naquelas bandas, era uma boa arma!

– Certo dia ele estava caçando, quando apareceram duas onças, e imagine o susto, afinal só estava com dois cartuchos! Tratou então de atirar naquela que estava mais próximo, só que a espingarda falhou! Acionou o outro gatilho e descarregou o segundo cartucho na cara da onça, matando-a, ocasião em que a primeira levou um susto tão grande que, ao invés de fugir, correu em sua direção e, parando em sua frente, mostrou aqueles enormes dentes e deu um urro tão grande, que deixou meu amigo paralisado, só pensando na morte!

– A única maneira que ele encontrou para sair daquela situação, foi imitar a onça. Arreganhou a boca (quase do tamanho da onça) e os olhos e não é que soltou um tremendo urro também, bem na cara dela, maior e mais alto que o da onça! Ela urrava de um lado e ele de outro, parecendo ser duas onças.

– A floresta estremecia com seus urros de medo, seus cabelos arrepiados, correr agora seria um suicídio e a única coisa que fez foi sair de mansinho, e na primeira arvore que viu, tratou logo de subir, onde passou a noite! Disse ele que o único inconveniente era o cheiro de seu medo, pois se borrara todo, sem nem saber! Isto foi verdade Niltinho, não ri não!”

E prosseguiu com suas histórias.

– Como eu era bom para caçar gato, e como também era muito conversador, logo me botaram como comprador de pele, e aí sim Niltinho, minha vida melhorou! Chega daquela vida arriscada de matador de onça, agora a minha vida era navegar pelos rios da Amazônia comprando pele, eu levava uma lata de querosene cheinha de dinheiro e saia distribuindo para aqueles mais blefados e na volta eu ia arrebanhando as peles! Em muitas ocasiões, eu levava mercadoria e trocavam com eles, para reforçar a “matatinha”!E assim fui levando a vida!

– O meu patrão, além de exportador de pele, era também de borracha e chegou o dia que apareceu a tal da Lei do couro, que proibia a exportação, e como não queríamos abandonar a teta, a coisa pegou, inclusive com policia em cima a todo instante! Muitas vezes tínhamos que sair correndo, se não ia para o pau de arara! Mas, com jeitinho, continuamos a contrabandear as peles, discretamente, e, em função disto, o comércio de peles ficou muito melhor, o lucro dobrou, ficou mais rendoso, pois tudo era na base do dólar aí sim, é que “bamburramos”!

– Uma vez tivemos que tirar um gringo, que a policia queria capturar, vestido de comissária de bordo, passando com ele nas barbas dos milicos e mandando-o de volta para América! Nunca mais o vi! Era muito bom pagador!

– Não é que a coisa continuou por mais de seis anos ainda? E quando parou, parou tudo de uma vez, as pele e a borracha, e o engraçado foi que não sabíamos fazer mais nada senão aquilo e então foi aquela quebradeira!

– A coisa mais interessante foi que meus patrões, que tinham acumulado uma fortuna, não deram conta de fazerem mais nada, foram comendo aquilo que haviam ganhado até acabar, não conseguiram arrumar mais um negocio lucrativo, e foram se acabando até que morreu o ultimo deles!

– Aí então, como conhecia aquelas matas muito bem, virei garimpeiro pois era a única coisa que sobrou que rendia um dinheirinho, o resto era para aqueles que só queriam matar a fome e nada mais, só dava para isto!

– Eu não! Queria ter avião, casa boa, comer bem, enfim queria ter aquilo que meus amigos rico tinham e, pro isto, saí a procurar ouro, que era a única coisa que tinha valor! Como tinha sido um “mateiro” dos bons, havia aprendido a andar pelas matas no tempo das caçadas de onça, e então foi fácil, pois já tinha andado pela floresta, do Rio Xingu ao rio Tapajós, chegando a passar meses dentro da mata, fazendo ouro! Só que naquele tempo não era com motor, e sim na “cobrinha”, a maior dificuldade do mundo, tudo no manual, trabalho para quem tivesse o “saco roxo”, pois alem do trabalho pesado, tinha a malaria, que se pegasse, por lá mesmo morria e acaba sendo enterrado numa grota qualquer!

– Quando a cava era pequena, dobrávamos o defunto e colocávamos uma cruz, para que o infeliz ficasse em paz, e que sua alma continuasse a procurar aquilo que seu corpo tanto desejava: o OURO!

– Precisando de rancho (comida), pedia pelo rádio que um avião fosse lançar, fazia um fumaça no dia combinado e lá vinha o piloto jogar as mercadorias! E assim tornei-me garimpeiro, trocando meu ouro com os produtos dos comerciantes locais, junto desta mulherzinha que está agora aqui de meu, que muito me ajudou e sem a qual, não seria nada neste mundão!”

Realmente eu era testemunha daquela bravura, uma mulherzinha tão pequenina no tamanho, mas grande na coragem! Lembrava minha mãe, baixinha, porém com a fibra que muitas mulheres grandes não tinham! Foi a grande companheira de meu pai por toda a vida!

Tornei-me, cada dia mais um, um especialista em encontrar ouro e de como fazer para retirá-lo da terra, isto porque no Pará, toda terra tem ouro, e só fazer um buraco e batear que encontra!

O segredo é saber se compensa ou não pois, se você não souber, acaba fazendo um monte de pista cega, e isto é terrível, imagine fazer uma pista extremamente trabalhosa, retirar árvore por árvore, raiz por raiz, tudo com as mãos e depois abandoná-la, só porque a quantidade de ouro a ser retirada é muito pequena e não compensa?

Aí meus amigos você quebra, e é exatamente por isto que as pistas são pequenas, destinadas a pilotos que não sei como, conseguem pousar em tão pouco espaço, e devo confessar uma coisa, sempre tive medo na hora do pouso e da decolagem, me impressionava vê-los passando com a barriga do avião raspando nas arvores, eu chegava a rezar!

Foi assim que conheci o piloto, o qual me recuso a identificar, para resguardá-lo de eventuais responsabilidades!

Vim voar em Tucumã e meu parceiro recomendou que o procurasse, o que fiz a contra gosto, imagine deixar de voar com o Orcalino, para voar com um guri que ainda estava na casca do ovo! “ – Esta não, retruquei com o meu amigo!

“ – Deixa de ser besta cara, vai por mim que sou piloto, o rapaz é jovem porém nasceu para voar, tem o dom de voar! Depois você me conta, se você não gostar dele, poderá trocar pelo seu amigo Orcalino, porém, dê-lhe uma chance, ok?”

Quando cheguei a Tucumã, ele logo veio me receber, levando-me ao hotel, que naquele tempo ainda não se chamava hotel do Ouro, era Hotel do João, o que recusei, afinal meu sócio tinha uma casa, e era conveniente que eu fosse para lá também! Só que para ele, eu era uma pessoa muito importante e fazia tudo normalmente, com a intenção de agradar, sem puxa-saquismos! Perguntei-lhe quais as pistas que ele conhecia, para o rumo do Iriri.

“ – Por este rumo só fui até São Felix!

Meu Deus, pensei, o que meu sócio foi me arrumar? Desviei o pensamento que só me trazia preocupação e fui tratar de cuidar daquilo que vim fazer em Tucumã!

Quando chegou a hora de voltar para Novo Progresso, mandei chamá-lo e partimos, logo pela manhã, horário em que eu mais gostava de voar, porque a tarde sempre você voava com chuva.

“ – Eita Parazão bom de chuva, Niltinho! Imagine em qual avião nos voamos? O seu querido PT-CZC ele era do meu sócio, antes de você comprá-lo!”

Pegamos o rumo da Cuiabá/Santarém e, cara, era só mato, algumas vezes você encontrava uma aldeia de índio e nada mais, três horas de voo e o menino firme no manche, deu o tempo estimado, estávamos justamente sobre a pista, ele não deixou o avião sair da rota um grau sequer! Comecei a acreditar então, que de fato o danado de meu sócio estava com a razão, e daí em diante nunca mais me separei dele, para onde ia, tinha que ser com ele, e a nossa amizade foi crescendo, até que parecia que eu tinha adquirido mais um filho, de tanto que gostava dele, e ele de mim. E assim passaram se muitos anos.

Como a vida gosta de pregar as suas peças, eu só fui perdendo dinheiro e ele ganhando, devido as dificuldades de encontrar novas áreas e as pesquisas ficando mais caras, eu só ia para trás, a última vez que ficamos juntos foi no Amapá, num garimpo de Ruflanita, e aí, era ele que bancava e não eu e esta foi a ultima vez que consegui fazer algum dinheiro, dali para frente enfrentei o maior blefo da minha vida, e olhe que já se vão uns seis anos!

Desde aquela época, ele tem sido a minha salvação, a minha conta no seu super-mercado não pára de aumentar e ainda não dei conta de resgatá-la, e quando demoro de fazer alguma notinha lá vem ele me perguntar o que é que aconteceu, que não apareço mais! Quando vou dar as minhas desculpas pelas contas penduradas, lá vem ele a me dizer: “Você não me deve nada, eu é que te devo, vamos pra frente, que eu tenho a certeza que um dia vou ver você bamburrado (cheio de dinheiro) novamente, ai então vamos acertar as nossas contas! Imaginem vocês que até nas minhas doenças ele chega junto, não sei ao certo o quanto de dinheiro lhe devo!

Vi meu amigo abaixar a cabeça, e duas lagrimas correram em suas faces, e então ele me perguntou:

“ – Será que este dia voltará Niltinho?

Engoli em seco para não chorar com ele e menti! Menti para ele e também para mim, pois no fundo, as minhas esperanças haviam terminado também. O Estado do Pará nunca mais seria o mesmo, e não teria mais espaço para o garimpeiro, somente para as grandes mineradoras!

Sai dali aproveitando uma ligação telefônica do meu amigo Vinício, convidando-me para almoçar na casa do Ditão! Despedi-me do amigo, tentando confortá-lo, e sai de sua casa! Só que a tristeza demorou a ir embora!

*O sentimento de gratidão felizmente ainda existe em nosso meio!

**Na fofoca de Roraima concentrou-se o maior contingente de garimpeiros! Só na cidade de Boa Vista, acredito que viviam mais cinqüenta mil. E só no Estado do Pará devia existir mais de cem mil Garimpeiros, produzindo toneladas de ouro, contribuindo assim para o enriquecimento do país!

Comandante Niltinho
é piloto de garimpo