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O que a Comissão da Verdade não fala !!!

capitãoEntrevista de Todd Chandler, filho do capitão Charles Chandler, concedida ao jornal Zero Hora e publicada sob o título Órfãos da Ditadura em 12 de dezembro de 2005

Morando na Flórida, pai de três filhos, bancário, Todd Chandler concedeu entrevista a ZH sobre o assassinato do Capitão do Exército americano Charles Chandler, em São Paulo, há 37 anos:

Zero Hora – O que o senhor lembra do crime?

Todd Chandler – Lembro os sons dos tiros e de correr para fora de casa para testemunhar os últimos momentos. Eles atiraram no meu pai quando ele estava dando marcha a ré no carro.

ZH – Como sua família enfrentou a tragédia?

Todd – Voltamos para os Estados Unidos em um avião militar, com o corpo. Minha mãe ficou profundamente afetada. Isso ainda assombra ela.

ZH – Como o senhor superou a morte do pai?

Todd – Nunca superei. Na medida em que cresci e soube de mais detalhes do evento e sobre os participantes dele, fiquei com muita raiva. Se acontecesse hoje, as conseqüências seriam drasticamente diferentes.

ZH – Como é a imagem de Chandler no seu país?

Todd – O mais surpreendente é que, fora da família, ninguém parece lembrar do meu pai. Se o fato acontecesse hoje, certamente seria um acontecimento internacional.

ZH – Como o senhor cultiva a memória de seu pai?

Todd – Vejo ele todos os dias. As pessoas falam que pareço com ele. Então, quando me olho no espelho, tento imaginar como seria se ele estivesse vivo e bem na minha idade.

ZH – Como era o seu pai, a carreira militar dele?

Todd – Meu pai nasceu e foi criado numa cidade muito pequena da Louisiana. Sua família ainda vive nessa área. Eles eram considerados relativamente pobres, e a família tirava seu sustento da agricultura. Quando ele foi aceito em West Point, foi uma honra tremenda para a família e para toda a cidade. Ele fez carreira nas forças armadas e serviu em diferentes países. Acho que chegamos ao Brasil em 1966 ou 1967.

ZH – Qual era a missão do seu pai no Brasil?

Todd – Não havia missão alguma. Pensem nisso: os EUA jamais mandariam a família civil com um oficial que estivesse em qualquer tipo de missão. Meu pai era um estudante. Não tenho a mínima idéia de por que ele foi o alvo.

ZH – Como o senhor se sente ?

Todd – Sei que as coisas eram diferentes naquela época, mas adoraria ter a chance de perguntar: “por quê”? Não entendo por que eles tinham de levar meu pai e deixar a minha família destruída. Todos os dias algo me lembra que um homem foi morto sem razão e que, em sua maioria, os assassinos ficaram impunes.

Charles Rodney Chandler – Capitão do Exército dos Estados Unidos (Louisiana, USA, 23 Jul 38 – São Paulo SP, 12 Out 68)

Herói na guerra com o Vietnã, veio ao Brasil para fazer o Curso de Sociologia e Política, na Fundação Álvares Penteado, em São Paulo/SP.

No início de Out 68, um “Tribunal Revolucionário”, composto pelos dirigentes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), Onofre Pinto (Augusto, Ribeiro, Ari), João Carlos Kfouri Quartin de Morais (Manéco) e Ladislas Dowbor(Jamil), condenou o capitão Chandler à morte, porque ele “seria um agente da CIA”.

Os levantamentos da rotina de vida do capitão foram realizados por Dulce de Souza Maia (Judite).

O capitão Chandler quando retirava seu carro da garagem para seguir para a Faculdade, foi assassinado, friamente, com 14 tiros de metralhadora e vários tiros de revólver, na frente da sua esposa Joan e seus 3 filhos.

O grupo de execução era constituído pelos terroristas Pedro Lobo de Oliveira (Getúlio), Diógenes José de Carvalho Oliveira (Luis, Leonardo, Pedro) e Marco Antônio Bráz de Carvalho (Marquito). Este Diógenes saiu no lucro pois recebeu uma indenização altíssima do PT pelo “sofrimento” que teve na época da didtadura e ainda recebe uma aposentadoria de elevados padrões!