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SBT exibe Chapolin no lugar do horário eleitoral !!!

chapolin

Chegou aquela época do ano. Se você costuma ver algum canal de televisão aberta entre as 13h-13h25 ou entre as 20h30-20h55, deve ter notado que desde o último dia 19 (terça) seus apresentadores/artistas preferidos foram substituídos por estranhas figuras quase caricatas, que se revezam entre si proferindo estranhos e repetitivos discursos sobre saúde, segurança e educação. O horário eleitoral gratuito finalmente deu as caras.

Infelizmente, a liberdade de expressão nem sempre é respeitada no Brasil. No caso da televisão, por vezes os canais são obrigados a deixar de transmitir os programas que mais agradem ao público, já que várias leis e regulamentações lhes impõem restrições ou cotas de conteúdo. Um exemplo é a “Lei da TV Paga” de 2011, que obriga as redes de TV por assinatura a veicularem um número determinado de horas de programas nacionais por semana – ainda que, em geral, esses programas façam bem menos sucesso que os estrangeiros.

O horário político é outra dessas intervenções descabidas. Nesse caso, a Lei 9.504/97 (art. 47) obriga as emissoras de televisão a transmitirem propaganda eleitoral durante 50 minutos por dia, durante os 45 dias anteriores à eleição. O resultado você já conhece. Se no caso das cotas da TV por assinatura ainda é possível mudar de canal e escolher outro programa, aqui não há escapatória: ao menos dentro da TV aberta, absolutamente todos os canais são obrigados a transmitir a mesma coisa.

Obviamente, não se trata de um produto demandado pelo mercado – tanto que, em 2012, um canal de televisão que deixava a tela completamente congelada durante o horário eleitoral chegou a registrar mais audiência do que várias redes de televisão que mostravam o blábláblá político. E não é nenhum segredo o fato de que a propaganda eleitoral arrasta o ibope de qualquer canal para baixo. Sem a regulamentação provavelmente nenhum canal exibiria esse tipo de “programa” – a não ser, é claro, que estivesse procurando atrair um público desesperado por alguma espécie de cura para a insônia. Mas lei é lei, e os canais da TV aberta são obrigados a exibi-lo.

Porém, os legisladores não contavam com a astúcia de Sílvio Santos. Este ano o SBT decidiu veicular uma alternativa ao horário eleitoral gratuito, transmitindo em streaming no seu site, exatamente nos horários da propaganda oficial, a série Chapolin, que dispensa apresentações. Cerca de cem episódios comporão o pacote – o suficiente para que a série toda seja retransmitida, sem repetições, durante a campanha para o primeiro turno. Em um provável cenário de segundo turno, talvez tenhamos até reprises. Melhor até que ver o filme do Pelé.

Com essa ideia quem mais ganha é o público, que pode rever uma série que está fora do ar desde 2013. Mas ganha também o próprio SBT, que com a jogada conseguirá atrair audiência para sua programação on-line. E ganham os anunciantes – que eventualmente poderão recuperar, na internet, parte da exposição perdida por causa do horário eleitoral.

Aparentemente, os únicos que perdem nessa história toda são os políticos. E agora, quem poderá ajudá-los?